"...tenho em mim todos os sonhos do mundo..."
(Clarice Lispector)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Programas policiais: retratos da moral de algum lugar

Patrícia Kogut -
27.2.2011
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Poucos temas entregam tanto a nacionalidade de uma produção quanto o policial. É que qualquer cultura, com seus padrões morais, se traduz plenamente nos seus 10 mandamentos, suas leis e noções de certo e errado. Por isso, entre outros motivos, é curioso acompanhar “Perfil criminoso”, série francesa que o GNT está exibindo.
Atrações consagradas, como “CSI”, “Law & order” e todos os seus derivados, impuseram um modelo americano bem-sucedido e difícil superar em qualidade e eficiência. A fórmula acaba dominando seriados no mundo inteiro e “Perfil criminoso” não escapa disso. Mesmo assim, nos detalhes, acaba se revelando um programa bem francês. São vários os sinais: nossa heroína, Chloé Saint-Laurent (Odile Vuillemin, na foto acima em cena), por exemplo, dá aulas de teoria lacaniana. Além disso, da maneira como os crimes são descritos às relações interpessoais na delegacia, tudo tem a cara da França.
Chloé usa seus conhecimentos de psicologia para ajudar uma equipe de investigadores da polícia a  desvendar crimes. A ideia lembra “Criminal minds”, elogiada produção que já tem até um spin off . No programa do AXN, um grupo de “psicopoliciais” desvenda crimes correndo contra o tempo e seguindo principalmente as pistas que indiquem como é o funcionamento mental dos bandidos. Assim como outras atrações do gênero, “Perfil criminoso” tem um chefe de polícia exigente, o comissário Lamarck (Jean-Michel Martial), e pontos de tensão no ambiente de trabalho da protagonista: os conhecimentos de psicologia de Chloé irritam o comandante Matthew Pérac (William Cramoisan), um sujeito mais prático. Irritação à francesa, com direito a ironia fina.
Aqui no Brasil, “Força-tarefa” é um bom exemplo de policial de grande qualidade que reflete a realidade local. O programa de Fernando Bonassi e Marçal Aquino tem como tema central a corrupção. Sem ela, os personagens centrais, policiais de comportamento ilibado, sequer existiriam.
O modelão existe. Mas a realidade naturalmente se impõe.



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