"...tenho em mim todos os sonhos do mundo..."
(Clarice Lispector)

terça-feira, 22 de março de 2011

CRÍTICA/‘Ti-ti-ti’ tratou amor gay com naturalidade

Quem assiste a “Brothers & sisters” — série que retrata mais fielmente os valores da família americana com personagens representantes de todas as correntes políticas e morais — está careca de ver dois homens se beijando em cena. O programa é um bom exemplo de como o amor entre gays já está naturalizado na TV americana. Não se trata de uma produção sinalizadora de comportamentos que escapem ao que é mais careta. “Brothers & sisters” é careta, não há série mais “família” que ela. E um dos principais casais convencionais daquela “caretolândia” é composto por dois homens. Simples. Aqui no Brasil, a discussão do beijo gay nas novelas, além de surrada, parece uma guerra perdida. Mas eis que, com “Ti-ti-ti”, este debate surpreendentemente também perdeu um pouco sua importância. A novela de Maria Adelaide Amaral dirigida por Jorge Fernando abordou o amor homossexual como nunca antes um folhetim tinha feito. Não ficou no raso e ao mesmo tempo tudo aconteceu com naturalidade. No primeiro terço da história, Julinho (André Arteche) escondia da família de Osmar (Gustavo Leão) que eles tinham sido namorados. Acolhido na casa dos pais de Osmar, ele viveu um dilema entre contar a verdade e magoar a família, que, afinal, o tinha recebido com tanta generosidade. A situação se resolveu não sem conflitos e com uma dose de realismo bem razoável. Mais adiante, Julinho ensaiou um flerte com Dr. Eduardo (Josafá Filho), mas a história não avançou: o médico não era gay. Aí apareceu Thales (Armando Babaioff). O empresário chegou ter uma aproximação com Jaqueline (Claudia Raia). A esta altura, fizemos uma enquete no blog (oglobo.com.br/kogut) para saber como os internautas queriam que o triângulo se resolvesse. O resultado, de lavada, foi uma defesa de Julinho com Thales . Maria Adelaide criou para o cabeleireiro um desfecho romântico feliz ao lado de Thales, finalmente fora do armário. Falta um beijo gay nas novelas? Talvez. Mas “Ti-ti-ti” será lembrada, entre outras qualidades, como a novela que melhor tratou o amor homossexual até aqui. FONTE: Patrícia Kogut 20.03.2011 | 15h00m

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